domingo, 16 de junho de 2013

Sem Saudosismo

Eu não sabia que era possível sentir com tamanha intensidade o aproximar-se de um dia histórico. Durante todo o final de semana ouvi e falei sobre a manisfestação de amanhã com amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos, no bar, no metrô, no ônibus, na padaria, no elevador, na banca de jornal e em uma dezena de grupos de mobilização pela internet.

Atestar o crescente número de adeptos ao ato do final da tarde de hoje me encheu de emoção. As descrições detalhadas sobre o novo corte de cabelo ou o banho do cachorro desapareceram e deram lugar à dicas sobre como se proteger contra balas de borracha e gás lacrimogênio, mensagens nacionais e internacionais de solidariedade à manifestação que vem para dizer que, se era mesmo verdade que o povo brasileiro não é (ou não era) politizado, nem capaz de se organizar e articular em grandes mobilizações para lutar por garantia de direitos básicos, como no caso, à cidade, à cidadania, à liberdade de expressão e à não-violência policial, estamos provando o contrário.

Agradeço a todas as lutas anteriores, das gerações que precedem à minha e de boa parte dos manifestantes, que abriram portas e janelas para que esta, a luta de hoje, pudesse ser construída. Agradeço aos que nos ensinaram a erguer a cabeça e acreditar, mesmo no que parece impossível: aos nossos pais e professores e outros amigos que já contam com alguns fios brancos nas cabeças.

Os que se esforçaram pra dizer que não havia mais grande luta alguma a ser travada, espero que tenham percebido que se enganaram.

Desejo aos que amanhã estarão no Largo da Batata, além de uma delícia de noite de sono, um bom acolchoamento nas roupas, máscaras e bandanas tingidas de vinagre, lentes de contato guardadas em casa, um pouco de medo, para que cuidem de si e dos outros como puderem e toda a paz que for possível neste dia.

Axé.