terça-feira, 20 de janeiro de 2015

2015
se eu lhe trato
do jeito 
que até agora
me tratou
capaz você não dure
pra saber
no que você
me transformou

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Sozinho eu não me explico,
reflito e me complico.

A cada pulso,

                                                      palpito

Um rumo novo, um pouco grito

ecaiodenovo
neste abismo
que não tem fim,
mas tem amigos.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

hoje é Drummond quem fala por mim.

Ausência

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

ao novo caderno

Linhas vazias se apresentam
e convidam.

Pouco dito
Tanto feito;
que despeito!

Treme um coração
em desespero abandonado.
Tremem-lhe as cordas
ao vento que envelhece.
Sua história vacilando
rabiscada pelos escapes
de desmemorias,
da linha quebrada.

Chega o tempo
de rever a frequência
e o uso
da palavra paixão.
E é chão
o que mais requer meu errar, coração.

domingo, 16 de junho de 2013

Sem Saudosismo

Eu não sabia que era possível sentir com tamanha intensidade o aproximar-se de um dia histórico. Durante todo o final de semana ouvi e falei sobre a manisfestação de amanhã com amigos, familiares, conhecidos e desconhecidos, no bar, no metrô, no ônibus, na padaria, no elevador, na banca de jornal e em uma dezena de grupos de mobilização pela internet.

Atestar o crescente número de adeptos ao ato do final da tarde de hoje me encheu de emoção. As descrições detalhadas sobre o novo corte de cabelo ou o banho do cachorro desapareceram e deram lugar à dicas sobre como se proteger contra balas de borracha e gás lacrimogênio, mensagens nacionais e internacionais de solidariedade à manifestação que vem para dizer que, se era mesmo verdade que o povo brasileiro não é (ou não era) politizado, nem capaz de se organizar e articular em grandes mobilizações para lutar por garantia de direitos básicos, como no caso, à cidade, à cidadania, à liberdade de expressão e à não-violência policial, estamos provando o contrário.

Agradeço a todas as lutas anteriores, das gerações que precedem à minha e de boa parte dos manifestantes, que abriram portas e janelas para que esta, a luta de hoje, pudesse ser construída. Agradeço aos que nos ensinaram a erguer a cabeça e acreditar, mesmo no que parece impossível: aos nossos pais e professores e outros amigos que já contam com alguns fios brancos nas cabeças.

Os que se esforçaram pra dizer que não havia mais grande luta alguma a ser travada, espero que tenham percebido que se enganaram.

Desejo aos que amanhã estarão no Largo da Batata, além de uma delícia de noite de sono, um bom acolchoamento nas roupas, máscaras e bandanas tingidas de vinagre, lentes de contato guardadas em casa, um pouco de medo, para que cuidem de si e dos outros como puderem e toda a paz que for possível neste dia.

Axé.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

  • Marquei meu corpo
    na epiderme, minha periferia,
    o que latia em mim
    de dentro pra fora
    tempos a fio e afora

  • O que outrora andava dentro
    hoje anda afora,
    à luz do sol e da chuva
    na pele da cobra de agora

    Frony Jonkli

segunda-feira, 18 de março de 2013


A parte minha transbordante,
formada escrita comunicante,
se me extra-vaza, não mais me cabe
                                           vai pro mundo-

                     - donde veio
 

Sinto o veio que daqui corre,
          corrente,
   desenhando veredas de rios,
             nascentes,
     
       sei que tudo o que transborda, já foi  
                                                                                                                                     semente

     e eu semeador semeado,
        que sou apenas recipiente misturador
      torno-me estreito, via , ponte
    para que o mundo tenha acesso
à parte coletiva dele próprio
que em mim toma alguma forma.